sábado, 30 de abril de 2016

Minha primeira quebra :(

A Maratona de SP, na distância de 15 milhas, é uma prova gostosa de se fazer. Percurso praticamente plano, avenidas largas, clima de maratona mesmo pra quem corre as distâncias menores, chance de usá-la como treino longo pra uma maratona que acontecerá dois ou três meses depois...
Foi por isso que escolhemos essa prova pelo segundo ano consecutivo pra servir de preparação para a Maratona do Rio, que esse ano será dia 29/05/16, portanto um mês depois. Mas, se em 2015 eu saí dela confiante, dessa vez as coisas não foram tão bem assim.


Antes da prova, os amigos: Maurício Lenda, Marcelo Pinto
e Balbino Santos, treinador da Balbino Performance
Não existe milagre na corrida de rua. Tenha você talento pra correr ou não, tenha você nascido no Quênia ou em São Paulo, sem treinamento não se alcança nada. Se olharmos meu Registro de Treinamento no Strava, fica fácil perceber que eu não venho treinando de forma consistente.
Pra piorar as coisas, na semana da prova não treinei um único dia por conta de dores na lateral direita do quadril, resultantes de um acidente com a bicicleta na Av. Brigadeiro Luís Antonio, onde um automóvel puxando três motos me derrubou.
Não treinei e achei até que as dores tinham passado, mas foi só fazer um trote até o banheiro pra perceber que a cada passada era como se me dessem um soco no quadril. O psicológico já foi lá pra baixo.

Aliás, o serviço como bike courier, no qual estou desde novembro, tem me impedido de treinar adequadamente. Sinto dores nas pernas com frequência e tenho medo de treinar e não conseguir ir trabalhar, é uma batalha interna entre querer dar o meu melhor e pensar na responsabilidade. A responsabilidade tem vencido, claro.

Mas eu estava lá, então as desculpas que ficassem antes da linha de largada. Meu amigo Marcelo, que ia para a distância maior (os 42 quilômetros da maratona) disse que ia correr comigo. Achei forte pra ele nessa prova, pois minha intenção era correr a 4:45/km, sendo que a dele era terminar a prova em 3h30 o que dá cerca de 4:58/km.
Com o ritmo ainda encaixado
O que se viu na verdade foi nós dois correndo abaixo de 4:40/km, mesmo com a manhã quente que fazia em São Paulo. Eu perguntava se pra ele estava bom, ele respondia que sim, e como eu sentia o mesmo e minha distância era "de apenas" 24k, deixei rolar. As dores no quadril cessaram. A falta de treinos adequados foi vilã: me fez achar que aquele ritmo era bom, que eu iria aguentar até o final, que talvez a quilometragem rodada na bike esteja me fazendo bem, afinal de contas.
No quilômetro 15 o Marcelo resolveu segurar um pouco o ritmo e eu fui embora, parecia que ia realmente terminar a prova naquela toada.

Até que, como por mágica (está mais pra magia negra), no quilômetro 16 comecei a sentir aquela famosa dor do lado, que nunca senti em provas. As pernas começaram a pesar como se de uma hora pra outra eu tivesse calçado sapatos de chumbo. Estávamos num trecho muito gostoso da prova, em frente ao Parque Villa Lobos, bem arborizado, aquilo não podia estar acontecendo. Mas estava. Caminhei. Logo o Marcelo passou por mim. A dor passou, voltei a correr, mas ficou mais pra um trote, as pernas não obedeciam mais. Passei pela placa do Km 17 e admiti que a estratégia da corrida tinha ido por água abaixo.

Naquele momento confesso que senti bastante tristeza. A Maratona do Rio estava aí, batendo à porta, e essa era a última chance de tentar me convencer ilusoriamente que eu tinha chances de fazer uma boa prova.
Avistei a placa do Km 18 e decidi pôr fim aquele sofrimento. Muitos me criticarão por isso, talvez até eu mesmo daqui a algum tempo. Afinal, treinamos, devemos seguir adiante, a linha de chegada é nossa única barreira. Mas de verdade naquele momento não senti mais gosto em continuar correndo.
Encontrei, sim, um outro propósito: esperaria minha esposa Kelly junto à placa do Km 18 e terminaríamos a prova juntos. E assim o fiz.

:)
Claro que não foi tão fácil a retomada. Depois que o corpo esfriou, assim que avistei e comecei a correr ao seu lado eu mais parecia um ganso manquitola. Quando ela me viu ela perguntou "O que aconteceu?", mas assim que comecei a correr, sem que eu precisasse responder, ela disse: "Nossa!". Aquilo me assustou um pouco. "Devo estar aparentando uma situação bem deplorável", pensei.

Mas a partir daí a corrida era dela, e tudo voltou a ficar divertido. Eu seguia incentivando, até porque pouco mais tarde foi mesmo necessário: ela também teve que caminhar. E nessa alternância entre corrida e caminhada, já dentro da USP, fomos conquistando quilômetro a quilômetro e concluímos a prova num tempo, pra mim, inimaginável, e mesmo pra ela bem acima da edição 2015. É, o momento não era dos melhores. Ainda assim, qualquer corrida é melhor que corrida nenhuma, por isso nos divertimos.

Mais um desafio vencido! Aqui termina a jornada pra quem correu as 15 milhas (24,2K)
À esquerda, passam os atletas que vão completar os 42 Km. A tentação de parar é grande, eles dizem.
As 15 milhas dentro da Maratona de SP é uma boa prova pra se participar. É um desafio um pouco maior do que uma meia-maratona, e costuma ter um valor acessível se a inscrição for feita no ano anterior (o famoso primeiro lote). Largada no Ibirapuera, chegada na USP com ônibus te levando de volta ao Ibirapuera, onde fica a chegada da Maratona pra quem correu os 42 Km.

Pra quem corre a Maratona do Rio, é um excelente treino, pois costuma acontecer sempre um ou dois meses antes daquela. Há quem participe das duas maratonas em sequência, como irá fazer esse ano meu amigo Sirlan, paulistano, ou como fez em 2015 meu amigo Elvis, carioca, que conseguiu no Rio baixar seu tempo em mais de 20 minutos em relação à de São Paulo dois meses antes.

Quem sabe um dia venho correr os 42k. Por enquanto, nessa prova não tenho vontade de participar da Maratona. Por enquanto.

Prova: XXII Maratona Internacional de SP
Local: Ibirapuera - São Paulo / SP
Inscrição: R$60,00
Data: 24/04/16
Distância: 24,4 k (2ª)
Geral: 52ª corrida - 2016: 4ª corrida 
Tempo: 3h09'29'' - Ritmo: 7:44 min/km
Classificação geral masculino: 1890º - Categoria (40-44): 337º
Resultado oficial: http://www2.yescom.com.br/2017/maratonadesaopaulo/resultados/edicao-2016

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