quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Meu primeiro "sub-50" nos 10k

Prova: Circuito das Estações – Etapa Verão
Local: Aterro do Flamengo - Rio de Janeiro / RJ
Inscrição: R$94,90 (+ R$4,90 de taxa de conveniência)
Data: 01/12/13
Distância: 10 k (3ª)
Geral: 13ª corrida - 2013: 13ª corrida 
Tempo: 48'32'' - Ritmo: 4:51 min/km
Classificação geral masculino: 235 - Categoria (35-39): 52 

Quisera eu poder exprimir com maestria as cenas vividas, pra que o leitor pudesse ter a mesma sensação que tenho ao experimentar certos momentos da vida. Quem sabe eu fosse um Machado de Assis, um José de Alencar, um Monteiro Lobato? Ou talvez eu tivesse o dom de criar gravuras perfeitas e, como uma Tarsila do Amaral, aguçar a imaginação a um nível de êxtase que fizesse, por exemplo, o sedentário imediatamente calçar um par de tênis e sair correndo - literalmente. 

Mas ouso dizer, nessa minha pretensão de músico aspirante a corredor e blogueiro, que nem esses ícones brasileiros seriam capazes de substituir algo indispensável pra entender determinadas coisas: é preciso vivenciá-las. Porém, se você sobreviveu a esse preâmbulo de empolgação talvez exagerada, é provável que seja mais um louco pelas corridas e tudo que elas representam, antes durante e depois. Aí fica mais fácil nos entendermos.

A viagem

Alguém que resolva fazer uma viagem para Lisboa, por exemplo, não há nada de especial nisso, correto? Mas se esse alguém vai a Lisboa num único fim de semana especialmente para correr, certamente ouvirá, no mínimo: "você é maluco..." Pois é, nós corredores somos malucos.

E o maluco aqui, junto com a esposa e o enteado, resolveu ir não a Lisboa, mas ao Rio de Janeiro para correr sua primeira prova interestadual. Não que a cidade esteja tão longe de São Paulo, mas pra quem já foi lá outras vezes para passear, ficando alguns dias por lá, essa viagem era algo totalmente diferente. Chegar no sábado a tarde, aproveitar pra fazer umas visitas a alguns pontos turísticos (afinal ninguém é de ferro), acordar no domingo às cinco da manhã como já estamos acostumados em dia de prova por aqui, usar a tarde do domingo pra mais uns passeios e voltar a tempo da esposa trabalhar na segunda-feira, tudo isso era novo pra gente.
E foi fantástico, se fosse pra relatar tudo seria necessário um outro blog. Mas se alguém quiser curtir o álbum de fotos, basta clicar AQUI.

Não há como não se emocionar com a imagem do Cristo
com toda a beleza do Rio à nossa volta

A corrida

A ideia de correr no Rio foi quase que uma consequência natural da vinda dos nossos amigos cariocas em setembro pra correr a primeira prova deles em São Paulo, o Circuito das Estações - Primavera. Tínhamos que retribuir o feito, e para isso contamos com toda a versatilidade do amigo e guia turístico Wanderson Freitas, o cara foi nota mil. Indicou a prova perfeita pra que estreássemos na cidade, pegou os kits na sexta-feira e ainda cronometrou os horários pra que conseguíssemos aproveitar a viagem além da corrida em si.

Eu já citei aqui no blog que, como motivação, entre outras coisas crio metas a serem batidas. Para essa prova, resolvi encarar uma um tanto quanto ambiciosa: concluir os 10k em menos de 50 minutos, o chamado "sub-50", uma barreira mais psicológica do que incrível, visto que para os atletas mais experientes esse não é um tempo difícil. Mas, pra mim, era, já que nas duas provas anteriores nessa distância eu havia marcado 51'39 e 52'14.

O percurso ajudaria: totalmente plano, porém com muitas curvas longas que pediam uma tangência inteligente. Treinei bastante e até a prova no domingo anterior, a corrida Caminho da Paz, serviu como "treino de luxo" motivacional, pois eu consegui concluir os 7k num pace abaixo de 5 min/k, ritmo necessário para os 10k abaixo de 50. Era preciso "apenas" manter a toada por mais três quilômetros no Rio.

Janta pré-prova no sábado a noite, muita massa pra dar energia!
A organização do Circuito das Estações é quase perfeita. O preço é alto, não tem premiação por categoria e esses fatores levam a críticas justas dos corredores, mas não há como negar que poucas provas tem o nível das provas da O2. Não que eu já seja um corredor experiente, mas com 13 provas já posso fazer algumas comparações. O kit, por exemplo, é o melhor e mais completo, e sabemos que muitos dão valor pra esses detalhes. Isotônico e toalhinha pós-prova fazem a diferença pra quem chega extenuado ao pórtico. Largada rigorosamente no horário, às 8:00 em ponto. Nota 10.

Notável o número de atletas nessa corrida, cerca de 15000 corredores. Até aqui, a prova mais movimentada da qual eu havia participado era o próprio Circuito das Estações, em São Paulo com cerca de 10000 participantes. Nesse quesito, São Paulo organiza um pouco melhor na minha opinião, separando a largada dos 5k e dos 10k com diferença de uma hora.

Número alto de participantes, mas as pistas largas do Aterro
deram conta do recado
A previsão de chuva se confirmou: a garoa deu as caras e não foi embora. Ainda bem. Mesmo a temperatura não estando alta como já senti outras vezes no Rio, o mormaço é muito forte e se não fosse essa garoa acredito que teria problemas. Nunca joguei tanta água na cabeça como nessa prova; cada posto de hidratação era um alívio, e eles estavam bem posicionados para minha sorte.

Percurso plano e garoa ajudaram a
atingir o objetivo
Corri de olho no ritmo mostrado pelo meu Nike+ Sportwatch GPS. O medo era de correr rápido demais no início e quebrar no final. Mas eu também queria fazer uma reserva pro caso de ter de diminuir o ritmo, como de fato aconteceu.
Fiz o retorno nos 5k em 23'17'', ainda mais rápido do que a marca nessa distância atingida na prova da semana anterior, de 7k, que foi de 24'01''. Me surpreendi com o tempo pois aquele já era suficiente, na minha estratégia, para atingir o sub-50 mesmo que eu elevasse o ritmo pra casa dos 5 min/k, afinal eu tinha um minuto de "sobra".

E, não sei se pelo psicológico ou porque o corpo já estava no limite, o pace na segunda metade da prova subiu bem. A média de 4'30''/km nos primeiros quilômetros se elevou pra próximo de 5'00"/km e eu me esforcei pra não deixar passar disso.

Mas não pensem que a minha prova foi apenas uma corrida contra o relógio, na tentativa de buscar algo que na prática não valia "nada", não me daria um troféu e nem mesmo um lugar próximo aos primeiros colocados, longe disso. A visão mais próxima da Baía de Guanabara, lá pelo quilômetro 3, por exemplo, me fez correr olhando para a esquerda, e certamente ali algum corredor mais atento percebeu que não se tratava de um carioca. O Pão de Açúcar de frente em quase toda a primeira parte provavelmente ajudou nessa marca que pra mim já era recorde, os 5k em 23'17''. Correr já é fantástico, correr com a paisagem do Rio de Janeiro é estupendo.

Mas a segunda metade da prova foi sim de estratégia. Driblar o cansaço das pernas, manter o ritmo e buscar a linha de chegada, essa era a meta. Ali, no quilômetro 7, eu sentia meu corpo pedindo pra parar, mas já sabia que conseguiria atingir o objetivo, e só um desastre me faria abandoná-lo.
Esse desastre não veio, e o resultado foi muito melhor do que eu esperava: 48'32'', pelo menos um minuto abaixo das minhas melhores previsões, que era um 49 alto.

Toda chegada merece comemoração, independente de
troféus ou recordes pessoais
Fui abraçar minha esposa que também havia quebrado seu recorde pessoal nos 5k e fez essa imagem da minha chegada. Havíamos dominado a freeway em pleno Rio de Janeiro. Havíamos definitivamente vencido o sedentarismo (que também não era tanto assim) e encontrado mais uma alegria de viver, que traz junto com ela outras tantas. Havíamos aprendido que era possível vencer mesmo sem competir com ninguém, a não ser com nós mesmos.

Cariocas e paulistas com o mesmo sotaque: a Corrida de Rua
Em 2014 pretendemos voltar, quem sabe pra correr o Circuito Light Rio Antigo, outra prova que parece ser fantástica por ruas e edifícios históricos da Cidade Maravilhosa.

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4 comentários:

  1. Resultado e relato sensacionais, Luiz, parabéns por ambos. Abraços!

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  2. Caramba Fábio, que alegria receber sua visita em meu blog, obrigado de coração.
    Nem preciso dizer que você me inspira tanto pelas conquistas nas pistas quanto nos relatos, nessa postagem mesmo que você acabou de ler veja que cito "Lisboa" que é justamente o local onde você viajou pra fazer sua primeira maratona internacional, e que eu achei fantástico.
    Grande abraço!

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  3. Ahhh meu amigo!!! Sempre comento por aqui que seus relatos me colocam dentro da situação, mas... dessa vez foi desnecessário pois eu estava literalmente no meio dessas letras, palavras e frases... Tão louco quanto e imensamente grato a Deus por me proporcionar momentos de "VIDA PLENA" como esses que você acabou de narrar. Afinal se a vida não for assim, se não a fizermos assim, definitivamente não vale a pena...
    E VAMOS QUE VAMOS!!!!

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  4. Grande Wanderson, com certeza dessa vez você fez parte, e uma parte muito importante! Valeu de coração!

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